Olhar sobre as tecnologias e a escola

A utilização do computador na Educação tem ocasionado grandes mudanças através do avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) nos métodos de ensino e aprendizagem. O devido fato se dá pelo domínio da informática na vida das pessoas, causando transformações tanto na sociedade, quanto na condição de ensino. Segundo (Pereira e Lewandowski, 1999): “As novas tecnologias de informação proporcionam facilidades no meio didático da educação”.

Sem dúvida instituições escolares comprometidas com a construção do conhecimento de forma integradora e contextualizada se preocupam com as interferências que as tecnologias causam a cada dia no ambiente escolar. Desta forma não deixam de fora de suas portas a discussão e a integração destas ferramentas em seus ambientes. A cada dia, mais cedo, se torna necessário estabelecer um diálogo mais aberto no que toca o assunto do sexo, por exemplo, isso ocorre devido às constantes exposições que os alunos destas instituições estão submetidos direta ou indiretamente pelos meios de comunicação e as mídias que utilizam de total esforço para disseminar suas mensagens em todas as ferramentas possíveis: celulares, internet, televisão, rádio, vídeo games e a mídia impressa através de revistas temáticas, são os mais comuns. Informações estas, na maioria das vezes, descartável que só perdura por uma temporada até que as grandes indústrias insiram no mercado uma nova concepção de ser.

A educação tem caminhado lentamente e não tem acompanhado estas situações. Ao contrário de formar um cidadão que faça a leitura do mundo onde encontra inserido, cria conhecimentos que só possuem validade dentro de suas dependências. Recentemente um projeto, do Ministério da Educação – MEC chama a atenção de todos educadores e envolvidos com o âmbito educacional: “Um computador para cada aluno, este projeto chega em um momento propício pois já é praxe a utilização de computadores e a internet. Por todo o país é possível observar a ascensão das Lan Houses.

Este fenômeno não  deve ser visto com maus olhos pelos educadores afinal, pode ser utilizado para potencializar as ações escolares integrando tanto o ambiente social do aluno, quanto o ambiente escolar tornando o processo educativo em algo mais prazeroso que as, ainda escuras e mofadas, salas de aula com quadro negro em salas multimídia, com projetores e computadores.

Também será possível reduzirmos a quantidade de conteúdo que é reproduzido de forma errônea e partirmos para uma nova fase da educação, a educação em rede. Onde será possível ter acesso à uma quantidade absurda de conteúdos já produzidos e assim poder confrontá-los de uma forma mais enriquecedora. Iniciativas como a do grupo J. Piaget que potencializam a educação com métodos mais modernos e mais atraentes aos olhares destes indivíduos, que convivem com a tecnologia e dela fazem uso podem ser replicados em todo o país. A apreensão da tecnologia e dos meios de produção por parte da sociedade é capaz de gerar conhecimento mais rico e formador de opiniões.

Em um país com uma disparidade notável o software livre é uma opção para que novos horizontes sejam vislumbrados no que toca o desenvolvimento científico e o acesso à informática. Ações políticas estão sendo desenvolvidas em prol, como é o caso dos programas do governo federal: computador para todos e recentemente de venda de laptops a preço reduzido para professores. Além disso, a oferta de softwares gratuitos e com código aberto é bem vasta. Em especial para a distribuição Linux Ubuntu que vem sido utilizada amplamente pela comunidade mundial e está próxima de sua versão 9.10. Esta distribuição possui tradução completa para o idioma português do Brasil, ABNT-2 e os computadores atuais a suportam com rendimento superior à de softwares pagos como é o caso do Windows, o que impossibilita a aquisição de equipamentos pelo fato de ser pago.

A crítica aos padrões de como a escola vem ensinando ao longo dos tempos é uma evidência em documentos como os PCN’S – Parâmetros Curriculares Nacionais, que ressalta o “tradicionalismo” como fator que desqualifica a ação pedagógica, pois, não possibilita a reflexão do mundo. Estas críticas podem ser interpretadas como validadoras do ensino com a utilização de softwares e recursos tecnológicos atuais. Ao contrário do que se pode estar pensando, não é objetivo desta tese apoiar a visão do ensino tecnicista, que apenas se preocupa em formar o discente para o mercado de trabalho. Pelo contrário, a reflexão sobre a utilização das tecnologias, sejam elas digitais ou analógicas, possibilita que o indivíduo critique também os fatores comerciais e mercadológicos da indústria e dos produtores de conteúdos de uma forma ampla, como produtor. Esta possibilidade de interação com as tecnologias aprimora os conhecimentos e valores conceituais, pois, os alunos estarão em contato com a produção de forma direta. Não se apresentado apenas como “recebedores e reprodutores” de conteúdo. Amplia e desenvolve também os conhecimentos e valores procedimentais e atitudinais, pois ao fazer torna-se possível refazer, e refletir o que foi feito.

Questões como meio ambiente e redução do gasto de matérias primas e a liberdade de personalização das funções dos programas pelos usuários são o ponto forte para utilização do software livre. A possibilidade de reutilizar equipamentos que se encontram em desuso, o fator econômico de não ser necessário pagar para utilizar o software, sem restrições de direito autoral e propriedade intelectual devem ser avaliadas.

Todos estes fatores possibilitam que as escolas implementem em suas dependências laboratórios para pesquisa e livre utilização, tanto para produção no âmbito escolar quanto para o desenvolvimento das comunidades que dela fazem parte. (Freire, 1996) aponta que: “O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão. Uma de suas tarefas primordiais é trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com que devem se “aproximar” dos objetos cognoscíveis. E esta rigorosidade metódica não tem nada que ver com o discurso “bancário meramente transferidor do perfil do objeto ou do conteúdo. É exatamente neste sentido que ensinar não se esgota no “tratamento” do objeto ou do conteúdo, superficialmente feito, mas se alonga à produção das condições em que aprender criticamente é possível”. Desta forma, a escola como tem executado suas funções educativas têm formado clientes de produtos, que ao se qualificarem, ao se tornarem independentes do ambiente escolar se tornarão compradores e consumidores incapazes de criticarem o que ocorre ao seu redor inertes ao compromisso que estas instituições de vida eterna propõem para suas vidas.

“Os jogos são utilizados como uma ferramenta auxiliar do aluno na construção de seu conhecimento sistematizado. Esta sistematização, através do computador, possibilita melhor acompanhamento do aluno verificando seus erros mais freqüentes, apresentando recursos multimídia diferente do modo tradicional usado. Desta forma, contribui para o "processo de resgate do interesse do aprendiz, na tentativa de melhorar sua vinculação afetiva com as situações de aprendizagem" (Barbosa, 1998). As ferramentas tecnológicas devem ser entendidas como parceiras na ação docente, para isso faz se necessário uma ótica diferente sobre sua utilização e os mecanismos que podem ser criados/elaborados a partir de sua utilização no ambiente escolar e social. A partir de sua utilização é possível questionar, avaliar e empreender novas concepções de construção do conhecimento.

2 comentários:

  1. Augusto to gostando de ver este folego ...
    Estou lendo por enquanto mas acho que daqui a pouco começo a por algumas questões pra ti .

    Parabéns pelo Blog

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    1. Agradeço pela atenção desprendida e reforço meu compromisso de pesquisador crítico com a educação e as tecnologias em um formato marginal e alternativo ao disposto "learning by doing" instituído no Brasil através da LDB/96.

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