Inclusão Digital

Para conceituar inclusão digital, podemos buscar compreender o significado destas palavras. Segundo Ferreira (1986), inclusão está relacionado com a ação de incluir.

“1.Compreender,abranger. 2.Conter em si. 3.Inserir,introduzir. 4. Estar incluído ou compreendido, fazer parte. A palavra digital significa relativo aos dedos; que tem analogia com os dedos; relacionado com dígitos; relativo aos dados codificados ou convertidos em valores numéricos utilizando o sistema binário (os dígitos 0 e 1, associados a impulsos elétricos). (FERREIRA, 1986, p. 931)"



A expressão "inclusão digital", segundo Villar (2005), originou-se do termo "digital divide", que, em inglês, representa algo próximo de "divisória digital". Atualmente em diversos contextos é possível ler-se democratização da informação, universalização da tecnologia e diversas outras variantes.
Assim, muitos serão os conceitos apresentados pela literatura para inclusão digital. E é necessário recortar uma porção menor para compreender do que se trata este artigo.

Embora a inclusão digital seja abordada por meio de diversas óticas, inclusive governamentais, devemos nos remeter à seu bojo. Segundo o Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) realizado no ano de 2008, três em cada dez domicílios do Brasil possuem um computador.
"O Brasil já totaliza 18 milhões de computadores domiciliares e, dentro desse número, 14 milhões já estão conectados à internet. Os dados demonstram avanços em relação a 2007, no entanto, ainda é significativa a desigualdade no acesso tecnológico do Brasil. No Sudeste do país está concentrada a maior parte das residências com computadores, com cerca de 10 milhões. A região também está na frente na proporção de casas com conexão de internet, representando 31,5% da fatia. Em seguida, o Sul ocupa a segunda posição com 28,6% e o Centro-Oeste a terceira, com 23,5%. As regiões Norte e Nordeste apresentam, respectivamente, 10,6% e 11,6% dos domicílios com acesso à rede. A telefonia também se popularizou no período. Nos dois anos, o número de residências com algum tipo de telefone alcançou 82,1%, e as que possuíam apenas telefone celular, 37,6%."

Segundo o IBGE: O sistema de pesquisas domiciliares, implantado progressivamente no Brasil a partir de 1967 com a criação da Pesquisa Nacional por Amostra, de Domicílios - PNAD, tem como finalidade a produção de informações básicas para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do País.
Trata-se de um sistema de pesquisas por amostra de domicílios que, por ter propósitos múltiplos, investiga diversas características socioeconômicas, umas de caráter permanente nas pesquisas, como as características gerais da população, educação, trabalho, rendimento e habitação, e outras com periodicidade variável, como as características sobre migração, fecundidade, nupcialidade, saúde, nutrição e outros temas que são incluídos no sistema de acordo com as necessidades de informação para o País.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios teve início no segundo trimestre de 1967, sendo os seus resultados apresentados com periodicidade trimestral, até o primeiro trimestre de 1970. A partir de 1971 os levantamentos passaram a ser anuais com realização no último trimestre. A pesquisa foi interrompida para a realização dos Censos Demográficos 1970, 1980, 1991 e 2000.

A inclusão digital deve entender o individuo como protagonista sobre a tecnologia, os bens de consumo como televisão, vídeo-games, computadores, aparelhos de mp3 e tantos outros, que são ferramentas, não devem ser entendidos apenas como eletrodomésticos como é o caso da geladeira, da máquina de lavar. Estes interferem na sociedade e a sociedade neles, estabelece-se uma relação de troca, de saberes onde a televisão informa a população sobre acontecimentos da sociedade. Os computadores permitem a interação, a produção e a manutenção da regras e indivíduos sociais. Os vídeo-games possibilitam o acesso aos bens culturais, através deste é possível vivenciar de uma forma virtual as batalhas das guerras medievais, viver aventuras em diversos mundos ou apenas se divertir com esportes. Evidencia-se nestes apontamentos a estreita relação que os jogos estabelecem com a sociedade e com a cultura. Pois se os jogos podem fantasiar estórias, estes, também levam até seus usuários um espelho da sociedade onde em alguns jogos é possível realizar ações de uma vida dita comum, como por exemplo, trocar de roupas, passear com a namorada, etc. Isto também ocorre com a televisão e com os computadores. A televisão por intermédio da junção das imagens com os sons possibilita a experiência de imersão em outra realidade, por exemplo, ao assistir um filme, assistir um documentário, ver as notícias no jornal local. Estas experiências que a televisão proporciona transporta seu usuário para um tempo, uma realidade e estas informações e este período que o indivíduo permanece exposto possibilita a sua integração social no que diz respeito em tomar conhecimento da realidade e por meio desta estabelecer uma posição crítica. Os computadores são uma junção da televisão e dos vídeo-games, pois através do computador é possível assistir televisão, quando não, é possível ler um jornal atual, ou a opinião de algum indivíduo importante à respeito de determinado assunto e compartilhar estas informações para a partir dele (o indivíduo) gere outras. Desta forma, podemos observar que o computador por ser um meio eficaz de convergência de diversas mídias pode ser utilizado como instrumento centralizador de atividades. Através da internet é possível armazenar e compartilhar informações, produzir conteúdos e distribuí-los para seus pares. Por ser o computador um instrumento tão importante e por que não apontar como acessível, este se torna o foco de diversas discussões e propostas. No entanto o computador como deve ser entendido, é apenas uma máquina. E todas as máquinas precisam de programas, softwares, para que funcionem de forma programada e organizada. Estes programas, softwares, foram desenvolvidos por empresas e estas como tal, empresas, tendem à manter uma clientela. É neste sentido que todos os envolvidos com a educação devem iniciar suas colocações.

A inclusão digital pelo ponto de vista pedagógico deve ser o de auxiliar as pessoas à compreender as tecnologias e utilizar estas para sua promoção. Dentro desta perspectiva estão as frentes que trabalham para o pensar crítico sobre as informações e como elas devem ser interpretadas. Segundo os PCN's (1998): "Os materiais que se usa como recurso didático expressam valores e concepções a respeito de seu objeto. A análise crítica desse material pode representar uma oportunidade para se desenvolver os valores e as atitudes com os quais se pretende trabalhar. Discutir sobre o que veiculam jornais, revistas, livros, fotos, propagandas ou programas de TV trará à tona suas mensagens — implícitas ou explícitas — sobre valores e papéis sociais."



Há também os movimentos de promoção ao acesso às ferramentas tecnológicas como os computadores. Os governos com os programas sociais de inclusão digital têm feito com que os equipamentos cheguem às pessoas, por meio da implantação de diversos projetos como a Casa Brasil, os Pontos de Cultura, os Telecentros, e tantos outros como aponta o anuário da revista A Rede 2009/2010 no artigo: "Acesso qualificado e articulado" no trecho que diz:


"Nos últimos doze anos, multiplicaram-se as ações de inclusão digital do governo federal, em especial a partir de 2003, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, são 21 programas - mais o Observatório Nacional de Inclusão Digital (ONID), uma base de dados de telecentros - distribuídos por 16 instituições, como ministérios, estatais, a Presidência da República e uma fundação. O mais antigo é o Programa Nacional de Tecnologia Educacional para Escolas Brasileiras, nova denominação do Programa de Informatização das Escolas (Proinfo), criado em 1997, que instalou laboratórios de informática, até setembro de 2009, em 28.457 escolar urbanas e 6.822 escolas rurais. O mais recente, de 2008, é o Casas Digitais, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que cria espaços públicos com computadores e acesso gratuito à internet em assentamento. Por um acordo de cooperação entre o MDA e o Ministério das Comunicações (MiniCom), os 120 Territórios da Cidadania, que cobrem mais de 1.900 comunidades rurais, devem receber unidades do Casa Digital até 2010."

Além destes projetos destaca-se o programa do Ministério da Educação (MEC), o programa Um Computador por Aluno (UCA), que tem como meta colocar um computador na mão de cada estudante das redes de ensino municipais e estaduais de todo o país.
"Junto com os primeiros equipamentos, chega às salas de aula muto entusiasmo, medos e dúvidas. Como vamos usar os equipamentos? Meus educandos vão saber mais do que eu? A conexão à internet vai aguentar? Os questionamentos são bastante naturais. Porque, na maioria dessas instituições de ensino, os portáteis educacionais vão provocar uma histórica mudança de paradigmas. E não apenas nas tendências pedagógicas. Também vai aumentar a integração entre famílias e escolas, fator que já mostrou, em diversas pesquisas, ter forte impacto na qualidade da aprendizagem.
Da escola para casa ou em trabalhos fora da sala de aula, a mobilidade será a ênfase do UCA, informa Roseli de Deus Lopes, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), e integrante do grupo de apoio ao Ministério da Educação (MEC) no projeto UCA. A grande expectativa, explica a professora, "é de que os laptops sejam usados de modo que os educandos possam fazer pesquisas de campo e, ao levar os equipamentos para casa, como se espera, promovam a inclusão digital de suas famílias, muitas das quais vão receber em casa um equipamento que nunca viram". Esse programa veio "colocar o aluno em outra posição, torná-lo autor do próprio conhecimento", acrescenta o secretário Bielschowsky."

"Os programas instalados são em tecnologia livre, mas a interface é compatível com produtos proprietários, como Windows. O pacote inclui os principais aplicativos utilizados na escola, como editor de texto, planilha eletrônica, visualizador de imagem, além de áudio e vídeo."

Nestas situações fica evidente a presença da tecnologia nas escolas e comunidades, além dos domicílios dos indivíduos. Torna-se necessário um olhar pedagógico enquanto sistematização na utilização destes mecanismos para a promoção intelectual, social e cultural da sociedade. Com a intensificação da distribuição das máquinas e ainda a instalação de estruturas que favoreçam o acesso das pessoas à estes equipamentos é necessário pensar sobre os softwares que serão instalados nestes equipamentos.

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