STEP MANIA Confecção de pedais para performance de dança

STEP MANIA
Confecção de pedais para performance de dança.
Augusto Schwartz

Eixo: meta reciclagem, re-apropriação tecnológica e re-inserção de equipamentos eletrônicos na cadeia produtiva de bens culturais através da confecção de pedais com sucata eletrônica para dançar músicas com utilização de software livre.

Descrição: Montagem de pedais a partir de equipamentos eletrônicos em desuso e interação com software emulador de dança.
Os participantes terão a oportunidade de confeccionar pedais de dança e entender como funciona o circuito do teclado do computador. O material produzido poderá ser levado pelos participantes, desta forma o equipamento adquire uma sobre vida e facilitada sua reaplicabilidade.

Primeiras Palavras: A sociedade atual vivencia um processo de grandes transformações, os avanços científicos e tecnológicos alcançados, especialmente o desenvolvimento das tecnologias digitais como o computador e a internet, potencializaram as possibilidades de comunicação e informação e alteraram as relações entre as pessoas. Estamos presenciando uma revolução inédita na história da humanidade que se baseia no acesso, processamento e comunicação da informação que é possibilitada pelo contato cada vez mais estreito entre as mentes humanas e as tecnologias digitais.
(Castells, 2000)
John Dewey1 propôs que a aprendizagem se caracteriza por um continum experimental, isto é, que a aquisição do saber é fruto da reflexão sobre a experiência, continuamente representada ou reconstruída. Desse modo, para que haja uma aprendizagem significativa para o aluno, o professor deve construir este aprendizado pautado em experiências motivando os alunos a terem prazer em aprender.

Princípios: Pressupõe-se que o movimento é um componente essencial para a produção de conhecimentos, pois possibilita dentre outros o desenvolvimento emocional, intelectual, físico e social, bem como as questões relacionadas com a linguagem e auto-reconhecimento corporal através de vivências abstratas elaboradas pelo imaginário, em algumas ocasiões lúdicas.
É preciso romper com a imobilidade, partindo do ponto de vista que esta em sua maioria é tida como sinônimo de atenção e disciplina.
É a impossibilidade de mover-se e ou de gesticular que pode dificultar o pensamento e a manutenção da atenção (BRASIL, 1998, p. 17).
A compreensão do mundo e dos seus fenômenos parte da observação e entendimento de si próprio. Os aspectos mais relevantes para uma vida social saudável ocorrem a partir dos aspectos neurofisiológicos e locomotores, importantes características para que o sujeito interaja com eficiência com seus pares. A interiorização destes sentidos de forma subconsciente é fundamental para uma ação autônoma no mundo.
[...] A motricidade humana traz consigo toda uma significação de nossa existência. Há uma extrema coerência entre o que somos, pensamos, acreditamos ou sentimos, e aquilo que expressamos através de pequenos gestos, atitudes, posturas ou movimentos, mais amplos (MEDINA, 1992, p. 87).
O movimento serve como base da ação do sujeito com outros seres e com o mundo, por isso é concebido aqui como mediador da interação e expressão. O movimento vai além do simples deslocamento mecânico do corpo percorrendo os espaços. É, antes, uma forma de expressão, pleno de intencionalidade e poder de significação; ao mover-se, o corpo, manifesta aspectos do contexto sócio-histórico onde se encontra inserido. O movimento também está relacionado com postura social, portanto, imbricado de significados e condicionamentos.
As artes são caracterizadas pelo imaginário, pelas experiências estéticas significativas individuais. É por meio do imaginário que realizamos a leitura do mundo. Através da abstração tornam-se possíveis as construções perceptivas, são os sentidos que transmitem ao cérebro a informação base para se organizarem com o banco de lembranças, sensações e outras ligações capazes de proporcionar, ou não, uma experiência estética. É importante lembrar que cada sujeito tem um momento, um tempo, um estado de maturação anterior e responsável pelo estímulo que irá ocasionar esta experiência.
Podemos justificar esta afirmação por um exemplo simples: como um livro, cada vez que o lermos teremos uma nova visão e um novo entendimento do seu conteúdo. Poderíamos exemplificar de maneira rudimentar este percurso como um exercício de construção perceptiva de baixo nível, pois ocorre de forma subconsciente.
Assim esta oficina apresenta-se também como uma oportunidade de cada sujeito expressar performaticamente suas emoções, idéias e vivências. Mas a compreensão destes fenômenos somente se torna possível se o outro decodifica estas mensagens.
A música é um meio de expressão e forma de conhecimento acessível. O mundo é sonoro, reagimos a estes estímulos de maneiras diferentes de acordo com a personalidade, humor e significado que cada elemento tem para nós. É uma linguagem que todos utilizamos para nos reconhecer e expressar.
Ao  interagir  com  o  meio  através  do  seu  conteúdo  simbólico,  a  música  deixa  aflorar  todo o conteúdo subjetivo de seus interpretantes, ou seja, seu potencial interpretativo. Para que este potencial passe a significar algo é necessário o processo cognitivo.
Assim a  música, por seu conteúdo significante comunica tanto com quem  a produz, quanto com quem a ouve. Desse modo, a música atua junto aos afetos, possibilitando emergir novas maneiras  de significação do indivíduo frente ao seu  meio  (WAZLAWICK;  CAMARGO; MAHEIRIE, 2007). Ou seja, a música é capaz de atuar na subjetividade daquele que a ouve fazendo com que a sua relação com o seu meio se altere. Também, Castro (2007) afirma que o contato com a música é uma interação ser vivo/meio ambiente e que a possibilidade de escutar é algo que traz o ambiente para dentro do ser e o posiciona diante dele.
Dentro deste contexto, a música tem a capacidade de atuar na extensa e complexa rede em que o homem  é  apenas  mais  um  de  seus  constituintes.  Aí,  estabelece  um  diálogo  entre  seus componentes dentro de um processo sígnico, reformulando e reconfigurando a ecologia em que o homem é sujeito e objeto.

Público: Jovens e adultos.
Duração: 4 horas
Objetivos da oficina:
Contribuir para aprendizagem tecnológica desenvolvimento de gambiarras e novas funcionalidades.


Habilidades:
  • Expressividade, expressão de sensações e ritmos-corporais por meio de gestos e posturas.
  • Desenvolvimento e utilização expressiva intencional, valorização e ampliação das possibilidades estéticas pelo conhecimento e utilização de diferentes modalidades de dança.
  • Ampliação das sensações, limites e potencialidades do corpo.
  • Afloração da sensibilidade, criatividade, percepção, originalidade, flexibilidade, reflexão, imaginação, inventividade e senso crítico.
  • Construir uma consciência do seu próprio corpo e domínio de sua ação em diferentes perspectivas.
  • Construção de auto-imagem positiva.
  • Integração com grupos e troca de informações em rede.
  • Conhecer as diferentes expressões e linguagens da arte
  • Oferecer subsídios para a pesquisa e a produção autônoma
  • Oferecer subsídios técnicos para a produção de conteúdo simbólico

Materiais necessários:
1-Caixa arquivo de PVC
20-Metros de fio para reparos eletrônicos
1-Rolo de 7 metros de papel alumínio para embrulhar alimentos
8-Colas em bastão
4-Folhas de papel colorido
2-Fitas durex largo
2-Teclado de computador em desuso
1-Cabo conversor PS2 para USB
1-Alicate de bico
1-Alicate de corte
1-Aplicador de cola quente
10-Bastões de cola quente
2-Tesouras sem ponta
1-Notebook ou computador

Instalações necessárias:
1-Projetor
Caixas acústicas
Sala multi-uso
Acesso a internet

Avaliação: A avaliação será realizada por meio da disposição de ficha de avaliação anônima distribuída durante a oficina. Os quesitos avaliados serão o desenvolvimento da oficina e o grau de satisfação individual dos participantes.

Indicadores de resultados quantitativos:
Quantidade de pedais prontos
Quantidade de pessoas ao final da oficina
Quantidade de pessoas que interagiram

Indicadores de resultados qualitativos:
Troca de e-mails e contatos durante a oficina
Auto-estima dos participantes ao final
Interação com a peça montada.

Detalhamento das atividades:
A oficina inicia-se com uma demonstração performática espontânea da peça já montada no mesmo ambiente em que será realizado sua confecção.
A abertura é feita por apresentação do oficineiro seguida de dinâmica de apresentação e integração dos participantes.
Após a dinâmica os participantes interagem com a peça e tão logo inicia-se a confecção do aparato.
A oficina ocorre de forma instrucional participativa e integradora de forma que o oficineiro conduz o grupo na identificação dos materiais, manipulação e montagem do equipamento. Podem ser divididos grupos, confecção individual ou em duplas.
Ao final utiliza-se as peças montadas pelos participantes para a performance de dança. Em alguns casos pode ser estimulada a competição. É distribuído o software utilizado e as peças montadas são entregues aos participantes.
Vídeo com registro completo da oficina: http://youtu.be/LmE-6LqS2CU




Referências:
BRASIL. Ministério da Educação se do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil: conhecimento de mundo. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

MEDINA, João Paulo Subirá. A educação física cuida do corpo... e “mente: bases para a renovação e transformação da educação física. 10 ed. Campinas: Papirus, 1992.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1971.

SCHWARTZ, Augusto de Oliveira, Os jogos eletrônicos Open Source e sua contribuição para o aprendizado escolar, 2010.

_____________________, http://www.stepmania.com/ Acessado em: 20 de agosto de 2012 as 14:50 horas.
1 http://artigocientifico.uol.com.br/uploads/artc_1186495654_23.doc., acessado dia 19/02/2010, sem data de publicação.

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